A inteligência emocional é uma arte. Nem todos (muito poucos) a dominam mas acreditamos que pode (e vai) mudar o mundo. Já aqui falámos do conceito de inteligência emocional, da sua importância, e de como pode ser transmitida aos miúdos, em casa. Chegámos até a idealizar um mundo onde a inteligência emocional era tão estimulada como as restantes aptidões ensinadas nas escolas.
Hoje, falamos da sua relação com a arte — da importância que esta tem no desenvolvimento da tão nobre capacidade de reconhecer e gerir as nossas emoções, bem como as de quem nos rodeia.
Não é descabido afirmar que, regra geral, nos afastamos das artes à medida que vamos crescendo. O mundo real é demasiado cru e duro para a beleza que elas comportam. Não nos é permitido desligar para ouvir arte, para ler arte, para contemplar arte.
O afastamento começa cedo, nas escolas, onde as disciplinas relacionadas com arte são, muitas vezes, desvalorizadas e tratadas como um parente pobre do currículo escolar, excessivamente focado nas capacidades cognitivas dos miúdos. Acontece que este tipo de estimulação ajuda ao desenvolvimento de apenas uma das áreas do cérebro e não do seu desenvolvimento integral. As competências sociais e emocionais são, por sua vez, fulcrais para o bom desenvolvimento da inteligência emocional e da sensibilidade e podem ser desenvolvidas, também, através da arte. É que é precisamente através da arte que nos conseguimos expressar melhor enquanto indivíduos, é através dela que melhor conseguimos transmitir ao mundo a nossa individualidade. A arte tem o poder de despertar em nós uma emotividade que poucas outras coisas conseguem acordar. O teatro, os livros, a música, a pintura, um simples desenho...Todos eles nos podem ajudar a encontrarmo-nos quando estamos mais perdidos, podem consolar-nos em momentos de desalento e têm, por isso, um valor incalculável.
A arte e a criatividade
A arte e a criatividade estão intimamente relacionadas. A criatividade é quem somos e o que sentimos, a arte é a sua expressão. Cada vez que criamos algo, seja o que for, estamos a partilhar o que é nosso e que está guardado cá dentro. Assim, as nossas criações são a expressão mais fiel do modo como interpretamos o que estamos a sentir. O problema é que, muitas vezes, somos nós próprios que não sabemos o que estamos a sentir e que não nos conseguimos expressar da melhor forma — ninguém disse que era fácil.
Ser criativo é abrir caixinhas, tirar de lá as emoções e os sentimentos que as enchem, e transformá-los em arte, seja ela qual for. É autoconhecimento puro e duro. Só isso explica que, à medida que nos vamos conhecendo melhor, nos consigamos exprimir melhor também — passamos a saber interpretar-nos.
A inteligência emocional é uma skill transformadora que faz com que consigamos trabalhar e gerir os nossos sentimentos e emoções de forma saudável e equilibrada. Para lá chegarmos, precisamos de os identificar e de os exprimir bem — é aí que entra a arte, para dar uma grande ajuda.
Praticar a arte, através da criatividade, pode ser uma excelente bengala para o desenvolvimento da inteligência emocional, não só em crianças, mas também em adultos, claro. É que a arte não só nos ajuda a interpretar e expressar as nossas emoções, como nos auxilia na árdua tarefa de ser mais sensíveis às dos outros. Torna-nos mais contempladores e dá-nos tempo para olhar não só para dentro, mas também à volta.
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